Coisas Más da Nova Zelândia...
Depois do meu último post perguntaram-me se só havia coisas boas na Nova Zelândia. Em quase 7 meses escrevo, praticamente, só coisas boas. A verdade é que da mesma forma que quando se está mal se vê tudo mal, quando se está bem, tudo parece melhor.
Claro que a Nova Zelândia tem coisas menos boas mas depois tudo depende muito de como se compara. Os Kiwis queixam-se de muitas mais coisas do que eu me queixo: por exemplo, queixam-se dos salários (mas os salários em Portugal são muito mais baixos). Queixam-se do preço da gasolina que é substancialmente mais barata que na Europa (que ainda fica maior a diferença quando se vê os salários). Queixam-se que não há muito para fazer, mas eu até gosto do sossego (daqui a uns tempos também vou sentir o mesmo).
Por outro lado queixo-me de coisas que eles não vêem como problema.
Só posso falar da minha realidade e da minha experiência em Christchurch, uma cidade que vive uma realidade diferente e temporária. Mas da mesma forma que relato normalmente as coisas boas que experimento vou relatar aqui as minhas experiências menos conseguidas.
Assim, aqui fica o lado negro da Nova Zelândia:
CASAS - Isolamento térmico é algo que os Kiwis ainda não descobriram. Eu até compreendo as casas serem em madeira por causa dos terramotos mas tudo o resto parece um pesadelo sem razão no que toca a casas. Uma arquitectura louca que não lembra nem ao Pai Natal (por exemplo a nossa casa só tem casa da banho ou serviços no 3º piso, o de dois dos quartos, logo não tem nem do rés do chão nem no da sala e cozinha, mas isto é um exemplo de muitos). Vidros duplos nem vê-los (começaram a ser obrigatórios agora, logo quase nenhuma casa tem). As casas ainda estão todas cobertas com alcatifas e quando falamos noutro tipo de pavimento ficam todos chocados. É um problema encontrar uma casa que tenha os requisitos mínimos para um Europeu, quanto mais uma que tenha todas as condições.
CASAS (PREÇOS) - Apesar de as casas serem más, o preço do aluguer é altíssimo. É a velha história da oferta e da procura. Devido ao terramoto a procura de casas para aluguer é enorme, logo os preços subiram drasticamente e a qualidade/preço do que se arranja deixa muito a desejar (para um Europeu pelo menos... eles acham muito normal).
MOBÍLIA - Ainda no capítulo das casas, as mobílias são dignas dos anos 80 ou inícios dos anos 90. Arranjar alguma coisas minimamente moderna é um desafio e para comprar algo que em Portugal seria normal aqui paga-se ao peso do ouro (paga-se a importação). E se queremos modificar ligeiramente algo nessas mobílias, temos que esperar "apenas" quatro meses.
TERRAMOTOS E DESASTRES NATURAIS - Se por um lado os terramotos pararam nos últimos meses, são uma realidade da nossa vida. Não fazemos fazemos a vida a pensar nisso, mas temos que assumir que amanhã ou hoje daqui a 15 minutos estamos sujeitos a um e temos de estar preparados (dentro do possível que não nos modifique a nossa vida). Ter sempre comida e água para 3 dias em casa. Depósito do carro nunca com menos de metade e telemóveis sempre carregados. Quando deixamos de os ver ou sentir é fácil esquecer e seguir a vida normal, como se nunca tivessem existido, mas pelo menos temos de estar minimamente prevenidos.
MOTORISTAS - Os Kiwis são de forma geral muito relaxados e calmos. Na estrada cumprem todos limites, mas depois... são calmos demais. Não há paciência para algumas coisas (pelo menos com o meu sangue algo latino). Por exemplo, para virar à direita (imaginem a viragem à esquerda na Europa continental) num cruzamento têm de ter um intervalo de 1 km para eles atravessarem. Ou seja, numa mudança de sinal, passa um carro. Ainda são capazes de fazer uma fila de 10 minutos numa rua, com a paralela que vai dar ao mesmo sitio completamente livre (dá-me jeito quanto quero evitar transito, mas não quando a rua da minha casa é a rua em que estão todos parados quando podiam estar ao lado e dividir a fila). Cumprem tudo à risca, e se tem a prioridade não abrandam para deixar outros passar. Se abrandamos nós para eles entrarem ficam a olhar e não sabem aproveitar . Por várias vezes já tentei deixar entrar alguém vindo de uma rua lateral e não foram capazes de entrar, ficaram a olhar espantados. Só se parar mesmo é que entram. Resumindo: são um bocadinho mocotós a conduzir... mas ao menos não há os "espertinhos".
CORRIDAS ILEGAIS - Se durante o dia os motoristas são um bocado mocotós à noite há corridas ilegais na cidade. O que mais se vê são Subaru's, FORD's, Holden's e afins todos kitados. De dia tudo normal, de noite ouvem-se e vêem-se bastante, principalmente no fim de semana. É um problema da cidade, que antes do terramoto era pior mas agora ao poucos está a voltar.
ESTRADAS - A razão de ultimamente haver menos corridas são as estradas. O pavimento no resto do país é impecável mas Christchurch está muito afectada pelo terramoto e se as vias principais já foram reparadas, a maior parte das estradas ainda tem muitos estragos.
OBRAS - A cidade está a ser reconstruida... o que quer dizer que a cidade está em obras. Imaginem um estaleiro gigante com obras por todo lado. As ruas passam o dia a mudar de sentido e se conseguia chegar ao trabalho de carro em 5 minutos agora demoro 15 porque tenho de dar uma volta ao quarteirão, porque várias ruas ficaram há 4 semanas de sentido único. E depois com tantas obras os pneus, quer das bicicletas quer dos carros apanham um pouco por tabela.
TELEVISÃO - Se achavam que a televisão é Portugal é má, aqui não tem comparação (mesmo com cabo). A proporção deve ser para dois minutos de um programa temos um de publicidade. O que faz com que haja intervalos a cada 6 minutos (não estou a exagerar). Ok, felizmente não há Big Brother VIP (como já ouvi falar) mas a programação é muito fraca. Regra geral a TV fica desligada cá em casa e sinceramente não faz falta.
ILHA - Para quem não reparou, a Nova Zelândia são duas ilhas (na realidade são mais, mas vamos falar só das maiores). Ou seja, é preciso voar para sair daqui ou pagar o ferry para se trocar de ilhas. É sempre caro. Ainda tem o problema de ser longe de tudo (leia-se Europa). São 32 horas de viagem para Portugal e um preço de bilhete nunca inferior a 1500€.
BURACO DO OZONO - Aqui o Sol queima. Para todos os que estão em África e pensam que o Sol aí queima, aqui queima muito mais. O protector que uso aqui é de factor 80. Não incomoda muito, mas como se passa muito tempo ao ar livre convém não esquecer. A razão é que o buraco de Ozono que tanto se fala é mesmo por cima aqui da ilha o que faz com que haja menos proteção e o sol tenha dos indices de raios UV mais altos do planeta. É algo mais para lista de coisas que se tem que ter cuidado.
ALCOOL - Ainda não vimos nada referente ao álcool ao vivo, nem pessoas na rua alcoolizadas, mas o álcool é um problema sério cá. Pelo menos a quantidade de anúncios na TV, as campanhas agressivas de prevenção e as conversas com colegas dão a entender isso.
CRICKET - Mas o que é aquilo? Um jogo demora mais de um dia... A sério?!?!?
Nenhuma destas coisas de facto afectou até ao momento o dia a dia e tem sido interessante ver que estes são "problemas" que se encontram aqui. Esta é a razão que acredito que vou continuar a dizer as coisas boas, parecem-me muito mais tentadoras (pelo menos até me esquecer da Europa e ficar como eles aqui - não me deixem se virem isso a acontecer).
Para aqueles que quiseram razões para não sair de uma zona de conforto, também ficam aqui uma lista de coisas que se encontram por aqui. Estou certo que noutros destinos os problemas serão outros. Temos é que cada um refletir o que queremos na vida e lutar por isso. Neste momento, e apesar de tudo, o melhor para os meus objectivos parece ser aqui...
Claro que a Nova Zelândia tem coisas menos boas mas depois tudo depende muito de como se compara. Os Kiwis queixam-se de muitas mais coisas do que eu me queixo: por exemplo, queixam-se dos salários (mas os salários em Portugal são muito mais baixos). Queixam-se do preço da gasolina que é substancialmente mais barata que na Europa (que ainda fica maior a diferença quando se vê os salários). Queixam-se que não há muito para fazer, mas eu até gosto do sossego (daqui a uns tempos também vou sentir o mesmo).
Por outro lado queixo-me de coisas que eles não vêem como problema.
Só posso falar da minha realidade e da minha experiência em Christchurch, uma cidade que vive uma realidade diferente e temporária. Mas da mesma forma que relato normalmente as coisas boas que experimento vou relatar aqui as minhas experiências menos conseguidas.
Assim, aqui fica o lado negro da Nova Zelândia:
CASAS - Isolamento térmico é algo que os Kiwis ainda não descobriram. Eu até compreendo as casas serem em madeira por causa dos terramotos mas tudo o resto parece um pesadelo sem razão no que toca a casas. Uma arquitectura louca que não lembra nem ao Pai Natal (por exemplo a nossa casa só tem casa da banho ou serviços no 3º piso, o de dois dos quartos, logo não tem nem do rés do chão nem no da sala e cozinha, mas isto é um exemplo de muitos). Vidros duplos nem vê-los (começaram a ser obrigatórios agora, logo quase nenhuma casa tem). As casas ainda estão todas cobertas com alcatifas e quando falamos noutro tipo de pavimento ficam todos chocados. É um problema encontrar uma casa que tenha os requisitos mínimos para um Europeu, quanto mais uma que tenha todas as condições.
CASAS (PREÇOS) - Apesar de as casas serem más, o preço do aluguer é altíssimo. É a velha história da oferta e da procura. Devido ao terramoto a procura de casas para aluguer é enorme, logo os preços subiram drasticamente e a qualidade/preço do que se arranja deixa muito a desejar (para um Europeu pelo menos... eles acham muito normal).
MOBÍLIA - Ainda no capítulo das casas, as mobílias são dignas dos anos 80 ou inícios dos anos 90. Arranjar alguma coisas minimamente moderna é um desafio e para comprar algo que em Portugal seria normal aqui paga-se ao peso do ouro (paga-se a importação). E se queremos modificar ligeiramente algo nessas mobílias, temos que esperar "apenas" quatro meses.
TERRAMOTOS E DESASTRES NATURAIS - Se por um lado os terramotos pararam nos últimos meses, são uma realidade da nossa vida. Não fazemos fazemos a vida a pensar nisso, mas temos que assumir que amanhã ou hoje daqui a 15 minutos estamos sujeitos a um e temos de estar preparados (dentro do possível que não nos modifique a nossa vida). Ter sempre comida e água para 3 dias em casa. Depósito do carro nunca com menos de metade e telemóveis sempre carregados. Quando deixamos de os ver ou sentir é fácil esquecer e seguir a vida normal, como se nunca tivessem existido, mas pelo menos temos de estar minimamente prevenidos.
MOTORISTAS - Os Kiwis são de forma geral muito relaxados e calmos. Na estrada cumprem todos limites, mas depois... são calmos demais. Não há paciência para algumas coisas (pelo menos com o meu sangue algo latino). Por exemplo, para virar à direita (imaginem a viragem à esquerda na Europa continental) num cruzamento têm de ter um intervalo de 1 km para eles atravessarem. Ou seja, numa mudança de sinal, passa um carro. Ainda são capazes de fazer uma fila de 10 minutos numa rua, com a paralela que vai dar ao mesmo sitio completamente livre (dá-me jeito quanto quero evitar transito, mas não quando a rua da minha casa é a rua em que estão todos parados quando podiam estar ao lado e dividir a fila). Cumprem tudo à risca, e se tem a prioridade não abrandam para deixar outros passar. Se abrandamos nós para eles entrarem ficam a olhar e não sabem aproveitar . Por várias vezes já tentei deixar entrar alguém vindo de uma rua lateral e não foram capazes de entrar, ficaram a olhar espantados. Só se parar mesmo é que entram. Resumindo: são um bocadinho mocotós a conduzir... mas ao menos não há os "espertinhos".
CORRIDAS ILEGAIS - Se durante o dia os motoristas são um bocado mocotós à noite há corridas ilegais na cidade. O que mais se vê são Subaru's, FORD's, Holden's e afins todos kitados. De dia tudo normal, de noite ouvem-se e vêem-se bastante, principalmente no fim de semana. É um problema da cidade, que antes do terramoto era pior mas agora ao poucos está a voltar.
ESTRADAS - A razão de ultimamente haver menos corridas são as estradas. O pavimento no resto do país é impecável mas Christchurch está muito afectada pelo terramoto e se as vias principais já foram reparadas, a maior parte das estradas ainda tem muitos estragos.
OBRAS - A cidade está a ser reconstruida... o que quer dizer que a cidade está em obras. Imaginem um estaleiro gigante com obras por todo lado. As ruas passam o dia a mudar de sentido e se conseguia chegar ao trabalho de carro em 5 minutos agora demoro 15 porque tenho de dar uma volta ao quarteirão, porque várias ruas ficaram há 4 semanas de sentido único. E depois com tantas obras os pneus, quer das bicicletas quer dos carros apanham um pouco por tabela.
TELEVISÃO - Se achavam que a televisão é Portugal é má, aqui não tem comparação (mesmo com cabo). A proporção deve ser para dois minutos de um programa temos um de publicidade. O que faz com que haja intervalos a cada 6 minutos (não estou a exagerar). Ok, felizmente não há Big Brother VIP (como já ouvi falar) mas a programação é muito fraca. Regra geral a TV fica desligada cá em casa e sinceramente não faz falta.
ILHA - Para quem não reparou, a Nova Zelândia são duas ilhas (na realidade são mais, mas vamos falar só das maiores). Ou seja, é preciso voar para sair daqui ou pagar o ferry para se trocar de ilhas. É sempre caro. Ainda tem o problema de ser longe de tudo (leia-se Europa). São 32 horas de viagem para Portugal e um preço de bilhete nunca inferior a 1500€.
BURACO DO OZONO - Aqui o Sol queima. Para todos os que estão em África e pensam que o Sol aí queima, aqui queima muito mais. O protector que uso aqui é de factor 80. Não incomoda muito, mas como se passa muito tempo ao ar livre convém não esquecer. A razão é que o buraco de Ozono que tanto se fala é mesmo por cima aqui da ilha o que faz com que haja menos proteção e o sol tenha dos indices de raios UV mais altos do planeta. É algo mais para lista de coisas que se tem que ter cuidado.
ALCOOL - Ainda não vimos nada referente ao álcool ao vivo, nem pessoas na rua alcoolizadas, mas o álcool é um problema sério cá. Pelo menos a quantidade de anúncios na TV, as campanhas agressivas de prevenção e as conversas com colegas dão a entender isso.
CRICKET - Mas o que é aquilo? Um jogo demora mais de um dia... A sério?!?!?
Nenhuma destas coisas de facto afectou até ao momento o dia a dia e tem sido interessante ver que estes são "problemas" que se encontram aqui. Esta é a razão que acredito que vou continuar a dizer as coisas boas, parecem-me muito mais tentadoras (pelo menos até me esquecer da Europa e ficar como eles aqui - não me deixem se virem isso a acontecer).
Para aqueles que quiseram razões para não sair de uma zona de conforto, também ficam aqui uma lista de coisas que se encontram por aqui. Estou certo que noutros destinos os problemas serão outros. Temos é que cada um refletir o que queremos na vida e lutar por isso. Neste momento, e apesar de tudo, o melhor para os meus objectivos parece ser aqui...
olá descobri o seu blog quando pesquisa-va sobre a viagem que fiz em abril 1 a 15 deste ano com o meu marido ,infelizmente não tivemos tempo para conhecer a ilha do sul mas adora-mos a ilha do norte ,revejo com carinho todos os pros e contras de ai morar ,e quem sabe talvez surja uma oportunidade o que e certo e que quando voltei para portugal sinto mt falta da NZ,e dificil lidar com tanta falta de respeito e degradaçao ,quando falo disso a outras pessoas acham sempre que a terra e pouco interessante ,la esta só quando vivemos algo melhor e que sentimos falta ,cumps
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